Depois do sucesso que foi escrever sobre meus perrengues de viagem aqui no artigo com a parte 1, era lógico que eu teria que voltar para contar mais histórias que aconteceram comigo. Mais perrengues de viagem porque afinal: que viagem sobrevive sem eles, né?

Eu falei isso no outro artigo da parte 1, mas preciso reforçar aqui também. Acredito que 99% das minhas viagens tenham perrengues e gente, isso faz parte. Alguns perrengues são mais brabos, mas entre os mais leves, acho que a maior parte ou todos eles se transformam em histórias que rendem boas risadas depois.

E devo te alertar que: se você ainda não teve nenhum perrengue de viagem.. aguarde. Esse momento ainda vai chegar pra você! hehehehe então chega de papo e bora rir um pouco!

Procurando o Vale das Princesas

Esse perrengue não estava na lista mas quando comecei a escrever lembrei dele e sabia que ele não poderia ficar de fora (será que teremos parte 3?). Bom, eu viajo com minha família para Miguel Pereira há anos – o meu avô era associado de uma colônia de férias por lá então meu pai ia quando jovem com a minha mãe, meu avô ia e depois passamos a ir também.

Em uma dessas viagens, fomos só eu e meu pai e eu resolvi fazer um mini roteiro para que a gente conhecesse cachoeiras e locais novos por lá. Sei que Miguel Pereira é cheio de cachoeiras maravilhosas e eu ainda não conheço nem 1/3 delas. Como minha mãe não é fã de trilhas, achei que essa era uma ótima oportunidade.

E aí, eis que na minha busca, achei um local chamado vale das princesas, localizado em Miguel Pereira, que une minhas duas paixões: água e muito verde em um local só.

perrengue de viagem: vale das princesas em miguel pereira
Foto de Flavia – postado no site Wikiloc

Meu pai embarcou na minha onda e saímos depois do café da manhã em busca do tal Vale das Princesas. Quem conhece Miguel Pereira vai lembrar que muitas das estradas de lá são bem estreitas (impossibilitando uma manobra pra voltar a qualquer momento) e muitas cachoeiras ficam em acessos mais limitados.

Começamos a busca com meu celular e o gps porém em certo momento ele parou de funcionar – lógico (e eu nem pensei em fazer o download) e continuamos seguindo as placas. E aí vinha as placas: vale das princesas pra baixo. Siga em frente. Suba. Agora desce (…) era algo sem fim.

Passamos horas. e horas – subindo, descendo, seguindo em frente e NADA do tal Vale chegar. Meu pai foi perdendo a paciência por etapas: no início animado em conhecer o vale, depois desesperado que não tinha como voltar e não encontrávamos o vale, depois meeeega irritado por eu ter colocado ele nessa furada! rs até que em um certo momento, tinha como descer ou subir e não tinha nenhuma placa do vale. Apenas uma que indicava ‘caminho do imperador’.

vale das princesas em miguel pereira
Foto de Flavia – postado no site Wikiloc

Meu pai aproveitou o momento e falou ‘vamos descer daqui, porque não sabemos o quão longe tá ainda e aqui eu consigo manobrar’. Eu não podia nem questionar porque também não tinha essa resposta, né… então voltamos. Quando chegamos lá embaixo: chateados, com fome, frustrados… meu pai foi comentar no bar sobre o que a gente procurava e o que tinha acontecido.

Daí o dono do bar vira pra gente e diz: “aaah você já estavam na placa do caminho do imperador? caramba, ali mais 5 minutos vocês chegavam” :O

Sério gente, eu quis morrer naquele momento e achei que NUNCA acharia graça nessa história, rs. Mas a verdade é que hoje eu e meu pai sempre contamos esse ‘perrengue’ por aí, porque não acreditamos que isso aconteceu. E quer saber mais? até hoje meu pai ainda não quis voltar lá e passar por isso de novo! hahaha

Li na internet que…

Vou começar esse caso explicando que: não confie em tudo que você lê na internet. Sim, meu blog é de viagem, eu dou dicas de viagem, compartilho meus roteiros, minhas experiências, mas estou te pedindo de novo: não acredite em tudo que lê sem fazer pesquisas – aqui, nem em nenhum blog.

Como assim, Juliana, ficou louca? não. E te explico em dois pontos o porque do meu pedido:

  1. Eu posso ter viajado para país x em 2016 e você indo em 2021. Você achou meu blog, amou, pegou as dicas. E se algo que você viu aqui em 2016 nem existir mais? E se em 2021 tiver 10 atrações melhores e mais completas do que eu indiquei?
  2. Quando eu vejo as classificações em trilhas: leve, média, moderada, pesada… eu fico me perguntando em qual métrica eles estão validando essas classificações. Um trilheiro com experiência? Uma sedentária? Um vovô? Uma criança? já fiz trilhas ‘leves’ que eu – literalmente – morri.

Agora que já expliquei, continuo a minha história. Fiz uma viagem com uma amiga do trabalho, chamada Grazi (miga te ama mesmo te colocando nos perrengues, tá bemmm!) para Poços de Caldas e fomos no teleférico que leva até o topo do Parque da Serra de São Domingos, onde tem uma vista linda da cidade.

Daí eu li na internet que poderíamos voltar andando, que era tranquilo e que muita gente fazia isso. Quando chegamos lá em cima fomos ver a rampa de voo livre e depois começamos a voltar andando, como tínhamos combinado (já que eu tinha lido sobre).. e aí meus queridos..

Era dor no pé e uma dor no joelho (como a ladeira é bem íngreme você faz muita pressão para não cair) e chegamos mortas com farofa lá embaixo, além de sentirmos medo em alguns momentos porque raramente surgia um carro ou outro. E minha amiga me questionando várias vezes essa minha decisão que parecia tão sábia em algum momento hahaha

Imigração Machista

Deixei por último a única história de perrengues de viagem que não acho engraçada até hoje, apesar de no final ter dado tudo certo. Quando fui de férias para Vancouver, em 2018, passar 15 dias, entrei na fila rápida da imigração.. e após uma leve olhada no meu passaporte, a mulher me fez umas 2 perguntas e pediu que eu me encaminhasse para a fila regular. Sem problemas.

Quando eu fui nessa fila regular, um homem me chamou e começou o tormento… tudo o que você imaginar, o homem perguntou. Onde eu trabalhava, o que eu fazia, o que ia conhecer em Vancouver e até mesmo quando eu expressei que queria ir em Victória, ele na hora mandou ‘como chega lá?’ acredito que pra saber se eu realmente tinha pesquisado porque é uma ilha.. até que ele mudou o teor das perguntas pra: “porque não veio com amigos?” “porque viaja sozinha?” “uma mulher, viajando sozinha e sem conhecer ninguém em Vancouver?”

Sendo bem sincera, até hoje sinto bastante raiva ao pensar nesse momento porque eu queria ter dado uma resposta bem dada pra eletirando o fato que também achei que ele iria me mandar de volta pro Brasil, né? – mas tive que me contentar com ‘sim senhor, estou sem amigos porque meus amigos não tiraram férias na mesma época e não ficaria sem viajar nas férias’ com todo respeito do mundo.

A verdade é que esse machismo de achar que mulher não viaja sozinha, mulher não viaja sem amigos e mulher não viaja sem conhecer alguém no destino me irrita e é algo que tem que parar de ser visto como “normal”. Quem quer viajar com os amigos, viaja. Quem quer viajar sozinha, viaja também, oras!

Booooom, gente, esses foram os grandes perrengues de viagem da parte 2 dessa série que acredito que não terá fim! hehe espero que tenham gostado e até a próxima parte! 💛

Esse post faz parte de uma blogagem coletiva com outros blogs de viagens incríveis, então vai lá conferir as histórias de perrengues delas também: